domingo, 8 de março de 2020

muito homem tem de morrer


Não se enaltece hoje uma qualquer,
não se eleva toda aquela que vier
mas essa que trabalha
a mesma que te arruma a tralha
e que quando te cai o corpo à palha
dá-te a sopa à colher...

Infeliz criatura que serpenteia
porque após a lida vem a ceia
passe ela o dia ocupada
trajando de executiva ou criada
trata tudo sem ganhar mais nada
exigem-lhe ainda um ar de sereia
mas a sua alma cansada
puxa-a com força a sentir-se baleia!

Grite-se pois bem alto à guerreira
fortes vivas à mulher trabalhadora
não a prazo, mas agora
que a arquiteta e a ceifeira
tenham direito à sua hora
que igualdade não é ousadia
felicidade não é heresia
derrube-se a força opressora
que sou eu... és tu... sem fantasia.

Eleva pois a mulher poderosa
tanta vez de franzina aparência
não vás de orquídea, não vás de rosa 🌹
vai de punho erguido em oponência
Contra ti mesmo, se tiver de ser
que para a igualdade ser possivel
muito homem tem de morrer.

José Eduardo