sexta-feira, 24 de abril de 2020

litania da facharia

à conta de um bicho estranho
que nos prende a todos em casa
todos não, intervenho...
porque alguns estão em brasa
aqueles cujo trabalho
além de duro como o c*
os obriga a fazer, sem engenho
dos conselhos, tábua rasa!

Mas dizia que à conta dele
do bicho que se agarra à pele
sem emprego, sem vintém
erguemos todos a mão
e demos força ao pregão
"vamos todos ficar bem"

Mas dinheiro não traz o vento
e para comer já nem fruta
vai daí começa a luta
que os gajos do parlamento
esses grandes filhos da p*
enquanto eu não tiver pão
não festejam a revolução

Vou mas é ligar ao patrão
que prometeu voltar a chamar
esse sim, não é vilão
não festeja a revolução
e logo que isto acalmar
e se for embora a doença
dos bons se vai lembrar
e me dá a recompensa!

Que saudades que eu tenho
é do tempo de salazar
e agora já não me contenho
vou mas é protestar
nas páginas do facebook
nos comentários dos jornais
revolucionários ninguém os atura
"se quereis acabar com o tuc tuc
então ides sachar milheirais"
olhai mas é pró ventura
não é como esses que tais
é homem sem lacunas
não é nenhum gandaio
como esses, os comunas
que se apressam antes de mais
a ir festejar o 1 de maio!

José Eduardo


domingo, 8 de março de 2020

muito homem tem de morrer


Não se enaltece hoje uma qualquer,
não se eleva toda aquela que vier
mas essa que trabalha
a mesma que te arruma a tralha
e que quando te cai o corpo à palha
dá-te a sopa à colher...

Infeliz criatura que serpenteia
porque após a lida vem a ceia
passe ela o dia ocupada
trajando de executiva ou criada
trata tudo sem ganhar mais nada
exigem-lhe ainda um ar de sereia
mas a sua alma cansada
puxa-a com força a sentir-se baleia!

Grite-se pois bem alto à guerreira
fortes vivas à mulher trabalhadora
não a prazo, mas agora
que a arquiteta e a ceifeira
tenham direito à sua hora
que igualdade não é ousadia
felicidade não é heresia
derrube-se a força opressora
que sou eu... és tu... sem fantasia.

Eleva pois a mulher poderosa
tanta vez de franzina aparência
não vás de orquídea, não vás de rosa 🌹
vai de punho erguido em oponência
Contra ti mesmo, se tiver de ser
que para a igualdade ser possivel
muito homem tem de morrer.

José Eduardo