domingo, 19 de fevereiro de 2017

Sedição


chovem canivetes
e eu sem guarda chuva
assentam como uma luva
no meu corpo nu
os golpes que me remetes
mas quem os merecia eras tu

caem sobre mim
carradas de granizo
no meu corpo liso
que se oferece ao sol
mas é dureza assim
aguentar a chuva mole

Atiram-me à cara
palavras de insatisfação
há quem me levante a mão
no intuito de me bater
mas o cajado, a vara
para ti hão-de ser

aceito para já
o engano de julgamento
na língua vou tendo tento
porque sei que há-de chegar
o dia em que virá
a verdade, ao decima, a borbulhar!

Esconde-te lá ó cabrão
que os cornos te hão-de denunciar
por mais que tentes escapar
da justiça das mãos da gente
é que um dia eles virão
e serás arrastado ó delinquente!

provarás do teu próprio veneno
que não mata mas aleija
serás o moribundo que braceja
gritando por misericórdia
mas o eco será pequeno
e morrerás envolto de mixórdia...

j.e...

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