Acordou de madrugada, ainda o sol não se via, com um aperto no peito, o gesto sem jeito... Quem sabe por nada, talvez pelo dia! . O pacto de sangue outrora seguro corria-lhe nas veias em palpitação. O barulho das gralhas na ameixoeira grande era prenúncio de morte ou evidencia de "sande". A visão por cima do muro foi facada no coração! . O corpo lavado à moda antiga no alguidar encostado ao lume, a evidência do envelhecimento batia em qualquer olhar menos atento, a vida deixara de lhe ser amiga provocando dor e azedume... . Em acto de desespero, correndo pela avenida, rosto aflito e amargo de boca, diz quem viu que estava louca, expressão de enterro, num dia de festa e investida. . Foi direta ao poço da vila, aí chegada não hesitou: Sua vida findou alí, não por mão alheia, mas por sí. Fitou o fundo de água e argila, feriu os pulsos e se atirou! . Ora, ele... Recém chegado, envolto em aura de boa nova, quis saber de sua amada... Mas como?! Estava já casada?! Esqueceu tudo o que haviam acordado? O pacto de sangue? Oh Deus! Restava-lhe a cova! . Pela porta da taverna e atravessando a praça os cães o seguiram a correr em direcção à azenha velha... No balcão ficara a botelha alheia à futura desgraça, alheia àquela pressa de morrer! . E foi assim que a romaria para sempre à tragedia ficou associada. Contada de avós para netos, de ratos para insetos, O pacto de sangue travado um dia acabou em dois enterros de uma assentada.
José Eduardo . Resumo da fragância "Jasmim", no romance "O perfumista" de Joaquim Mestre
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