domingo, 28 de maio de 2023
sábado, 22 de abril de 2023
Caminho das várzeas revisitado
Havia porém – tinha de haver – um moço que lograva convencer os sentimentos de Aida. Tal como num romance deve ser, era ele o que menos se expressava. O João Grande, rapaz que também por alí passava mas que jamais havia investido olhares ou palavras de apreço sobre a bela rapariga. João Grande era filhos de lavradores e donos da maior parte dos terrenos na várzea. Todos os dias por alí passava o Jovem sempre empunhando qualquer ferramenta de trabalho. Da simples enxada à complexa parelha dos bois galegos que puxavam o carro, nunca João por ali passava sem que fosse a trabalho mas sempre Aida saía ao quintal para o ver passar. O simples e respeitoso cumprimento que o rapaz lhe endereçava chegava para alegrar o dia da pequena. Era ele o seu Amor!
quarta-feira, 8 de março de 2023
vai à festa, vai à luta
Mulher preta
Mulher branca
Mulher multicolorida
Arco íris
Alma franca
Sofrimento para uma vida
Ao trabalho
de manhã
Já de cria despachada
Pela noite
Em terra chã
Já co'a mesa preparada
Sinta eu a tua dor
A ver se ainda sai amor
Mesmo em vasto desassossego
Peito ao filho, ventre ao homem
Que em teu corpo ambos comem
E procuram aconchego
Erga-se, pois, em riste
O punho dessa alma triste
E alcance a plenitude
dessa tua fêmea condição
Que muito mais do que prisão
É fonte de toda a virtude
Assume-te grande ó mulher
Que a tua valoração
Não é quando homem quer,
É a emancipação
Baila quando tu quiseres
Vai à festa, vai à luta
E persegue a felicidade
Ocupa o teu espaço
Sejas casta, sejas puta
Domina a eternidade
terça-feira, 9 de agosto de 2022
nem que seja só mais um bocado
lá no risco
segunda-feira, 21 de março de 2022
domingo, 25 de abril de 2021
fascismo nunca mais
deste belo amanhecer
a cada gota refrescante
da neblina de um dia novo
sente-se a embriaguez de um povo
e a coragem toda a crescer
qual erecçao juvenil
ou pensamento pueril
é o sangue a ferver
de sonhos e ideias mil
ergam-se os punhos ao vento
agora que ficou para trás
o cheiro do velho tempo
a enxofre e aguarrás
e em meio da bebedeira
arranje-se pois maneira
de preservar a memória
e que o tempo da miséria
o mantenha a gente séria
bem fundo nos baús da escória
mantenha-se então a coragem
de manter viva a imagem
daquela miséria que existia
ainda que seja dura lembrança
de quando nem sequer era criança
a nossa democracia
peguemos então pelos cornos
e nunca com panos mornos
o baboso mostrengo da reação
esse que se aventura agora
achando que chegou a hora
de reinar o grande cabrão
lembremos pois toda a gente
que aquilo que queremos à frente
não virá pela mão dos jograis
espezinhemos o doido varrido
e gritemos em tom decidido
FASCISMO NUNCA MAIS!!!
José Eduardo
sexta-feira, 2 de abril de 2021
lá vem o charlatão
sexta-feira, 24 de abril de 2020
litania da facharia
que nos prende a todos em casa
todos não, intervenho...
porque alguns estão em brasa
aqueles cujo trabalho
além de duro como o c*
os obriga a fazer, sem engenho
dos conselhos, tábua rasa!
Mas dizia que à conta dele
do bicho que se agarra à pele
sem emprego, sem vintém
erguemos todos a mão
e demos força ao pregão
"vamos todos ficar bem"
Mas dinheiro não traz o vento
e para comer já nem fruta
vai daí começa a luta
que os gajos do parlamento
esses grandes filhos da p*
enquanto eu não tiver pão
não festejam a revolução
Vou mas é ligar ao patrão
que prometeu voltar a chamar
esse sim, não é vilão
não festeja a revolução
e logo que isto acalmar
e se for embora a doença
dos bons se vai lembrar
e me dá a recompensa!
Que saudades que eu tenho
é do tempo de salazar
e agora já não me contenho
vou mas é protestar
nas páginas do facebook
nos comentários dos jornais
revolucionários ninguém os atura
"se quereis acabar com o tuc tuc
então ides sachar milheirais"
olhai mas é pró ventura
não é como esses que tais
é homem sem lacunas
não é nenhum gandaio
como esses, os comunas
que se apressam antes de mais
a ir festejar o 1 de maio!
José Eduardo
domingo, 8 de março de 2020
muito homem tem de morrer
mas essa que trabalha
a mesma que te arruma a tralha
e que quando te cai o corpo à palha
dá-te a sopa à colher...
porque após a lida vem a ceia
passe ela o dia ocupada
trajando de executiva ou criada
trata tudo sem ganhar mais nada
exigem-lhe ainda um ar de sereia
mas a sua alma cansada
puxa-a com força a sentir-se baleia!
fortes vivas à mulher trabalhadora
não a prazo, mas agora
que a arquiteta e a ceifeira
tenham direito à sua hora
que igualdade não é ousadia
felicidade não é heresia
derrube-se a força opressora
que sou eu... és tu... sem fantasia.
tanta vez de franzina aparência
não vás de orquídea, não vás de rosa 🌹
vai de punho erguido em oponência
Contra ti mesmo, se tiver de ser
que para a igualdade ser possivel
muito homem tem de morrer.