segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Tudo, depois de nada!


Tudo passa... 
Tudo vem,
vai,
nada fica,
nada cai.
aqui
tudo muda,
entra,
sai,
a orelha vai para surda
e o cabelo cai...
tudo cresce,
morre,
nasce,
pára,
corre...

até chegar a ti
depois do mar

Tudo se apaga...
até os sulcos mais fundos 
da unha 
que esgravata a alma
tudo se esvai
depois do choro
do riso
da dança
depois de tudo isso
sempre acalma
e descansa...

até chegar a ti
depois do mar

Tudo é feio
ainda que belo,
tudo cai
e perde
o motivo,
o recreio...
Tudo cansa,
mesmo que o prazer,
a recompensa,
o horizonte
te faça prolongar a dança

mas só até ti
depois do mar

Tudo me remete para lá
o interno
o pensamento
o inferno
o alento
o turbilhão
de sentimento...
tudo me doi
e me faz refugiar
no que me alegra
me compreende
acalenta
afaga
sustenta
e apaga

até que chegue a TI

...em vez do mar!

José Eduardo