domingo, 23 de janeiro de 2011

posse


















Ontem deixaste-me
Disseste-me assim
De frente
Cruamente
Que não me amas mais
Foges de mim
Talvez para sempre
Mas… onde vais?
Não te posso mais amar?
Beijar?
Abraçar?
Apertar-te no meu peito?
E agora?
Que faço a este coração desfeito
E sem jeito
De o poder consertar?
Ocorre-me a vingança
O ódio,
A ira
Denegrir o teu nome, pela vizinhança
Mas como? Se sou uma criança!
Se ainda me resta
Neste coração que não presta
Uma ténue esperança
Do teu retorno à nossa paixão.
Será minha a iniciativa
De te conceder o perdão
Como sempre, e para ti,
Jamais me sairá um não
Tu tens o poder,
Como se diz… o condão
De manter bem viva
Esta chama que me alimenta
O sentimento que me alenta
Um amor que anseio ter pela frente,
Ainda que pungente
Prefiro adorar-te, qual diva
Incaracterística, exclusiva
Que aviva
a minha pobre mente!


José Eduardo

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

domingo, 16 de janeiro de 2011

Alienação mental consentida


















A minha loucura é
uma loucura tão louca que
ela própria enlouquece
na pressa de entender
a loucura de que padece

     louco sou eu
     louca és tu também
     loucos são todos, aqueles
     que nos invejam e não vêem
     que são pequenos e reles
     por não conviverem com a loucura que têm

A minha loucura é
uma loucura tão doce
uma suavidade permanente que
loucamente
me envolve e aquece

Gosto dela assim, pois claro
sendo louco, dessa forma
sou raro
seguirei portanto assim
alheio à norma
por mim
e não paro...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

(38ª vociferação) estranho amor...



Dependo de ti…
Não pelo muito que possas ter para me oferecer mas pelo pouco que de ti aprendi a roubar.

Preso a ti…
Não porque o nó com que me ataste seja de dificil rescisão mas porque eu próprio receio desatar-me.

Chegado a ti…
Nunca pelo teu constante hábito de me abraçar mas porque, na minha mesquinhez, me tornei adito ao teu dia a dia.

Contra ti…
Por constantemente te atravessares no meu caminho? Pelas interrupções de raciocínio a que sempre me obrigas na tua exageradíssima procura de carinho? Não, apenas porque te sou intolerante nas pequenas falas que, tal como eu, possas cometer.

Viciado em ti…
menos por depender daquilo que possas ter de bom, mas muito mais porque bebo nos teus defeitos a minha criatividade.

Apaixonado!
assim estou, envolto no estranho conceito de paixão que, juntos, ideáramos!


Estranho aos demais





José Eduardo
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sábado, 8 de janeiro de 2011

"invetero"



Acho que desenvolvi uma estranhíssima capacidade de introspecção… Sim, é estranha! Uma qualquer vertente da meditação que não obriga de todo à inundação do pensamento por frases que assentam em ideias de auto-controlo ou incentivo dinâmico.
Deixa-me desenhar-te o momento e poderás talvez compreender melhor do que falo:

É a hora em que todos os outros dormem e o ar está inundado por vibrações melódicas. Como sempre, a desconcertante harmonia de “Clam, Crab, Cockle, Cowrie” tem o dom de infalivelmente me transportar para o lado de lá, lado esse que eu desconheço por completo mas onde gosto de estar. Um espaço metafísico que me proporciona um tremendo conforto emocional e que se eleva muito para além do estado etéreo a que dantes me havia habituado. Por norma, e inexplicavelmente, costumo gostar de segurar nas mãos um certo e singelo singelo copo-de-chá pintado em tons monocromáticos com sugestivas inscrições. É terrível a forma como me prendo em acções banais como, lentamente, respirar para o seu interior e sentir o calor húmido que se liberta do seu interior bater-me na cara. Dou sempre comigo a pensar que, se usasse óculos, talvez ficassem embaciados e eu rir-me-ia sozinho ainda mais do que me rio por pensar nisso.
Depois de todo este método de iniciação-de-estado religiosamente cumprido à risca segundo a estrutura que inconscientemente foi montada, são os meus olhos que, ociosamente vão dirigindo atenções e percorrendo o olhar sobre as minhas coisas: As paredes de casa, em cuja pintura encontro sempre defeitos mas rapidamente desculpo com o facto de ter sido eu a fazê-la; Os inexplicáveis objectos de decoração, cuja minúcia na concordância de formas contribuiu ou foi critério basilar e fundamental à sua escolha e claramente se sobrepôs ao seu valor conceptual; O espelho da parede do fundo que, frio e cruel, me vai diariamente injectando doses de realismo fazendo questão de me mostrar a minha triste figura, espelho esse que me tem ensinado a inutilidade de expressões politicamente correctas; e acabo por perder-me sempre sobre a estante dos livros. Aquela que, de início ali havia sido colocada pela já mencionada concordância de formas mas que, tal como esperado, rapidamente se encheu de vida e personalidade próprias. É ali que o olhar se prolonga e brinca durante uma infinidade temporal. Vou observando as lombadas e, daqui, tentando ler os títulos sorrindo a cada vez que dou comigo de sobrolho franzido porque o meu inconsciente acha que leio melhor assim e, a cada um, vou tentando relembrar o seu enredo…

“Allow me to enjoy my madness!”

Assim mesmo… desde sempre, passo dos livros para o teclado preto que antecede a janela do mundo. Janela essa em que aquele fenómeno a que chamam “web” contribui para o acentuar deste meu enorme contraste espiritual e através da qual, pragmaticamente, vou atirando ao vento notas soltas do meu carácter, vou-me libertando do lirismo deste momento de modo a abrir espaço para um outro que espero não demorar…
Gosto da minha loucura… e adoro descarregá-la para este lado da minha vida, pela transparência da minha alma!!!

José Eduardo

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

acerbo

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Sou reles...
Sou a personificação do poema em linha recta que Álvaro de campos "cantou".

Sou mau...
Sou quem não hesitou retaliar em função de imaginárias injustiças.

Sou falso...
Sou quem prometeu o Amor na ânsia de alcançar o sexo.


Sou eu... 
Sou aquele que se perde em expressões de exaltação da pessoa própria na conversa que começa a partir de grandes feitos do amigo.


Sou sim, sou eu....
Sou quem esconde a mão logo após arremessar a pedra...


Sou mais...
Sou quem se atreve a analisar a própria pedra e interpreta a tentativa de descobrir a culpa em mão alheia!


Sou estranho...
Sou quem, na efectividade do sofrimento de míngua escolheu roubar, ao invés de pedir, por ideais de preservação da personalidade.


Sou assim... pequeno, desprezível, nocivo, sinistro e funesto...


Sou disfemista, disfémico, e coerente-com-a-falsidade.


Sou sim, sou eu... 


Mas sei disso!!!




José Eduardo

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

the beauty and his violin

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A arte mais bela é a que resulta da paixão...

...disse!

    

domingo, 2 de janeiro de 2011

terras de indolência

O litoral minhoto é assim... dado à preguiça, à solidão, onde se aprecia gente simples com vidas simples, onde se respira ar puro e liberdade!