Valentina Lisitsa é uma pianista clássica Ucraniana, nascida em Kiev em 1973. Valentina vive actualmente na Carolina do Norte, EUA e é casada com Alexei Kuznetsoff, que é também pianista e seu parceiro em vários duetos.
Este é o parágrafo de entrada na página da wikipédia que lhe é dedicada. Muito pouco para tanto talento. Não vou acrescentar nada, ou melhor, acrescento tudo com este recital de quase quatro horas cuja performance foi oferecida aos poucos presentes no passado mês de Novembro, em Colónia, Alemanha.
alí parado, para nada! é motivo de foto, com certeza mas... o que ele queria era subir rio acima como os rabelos que tanto inveja. Ah se ele pudesse!!! Cada metro de maré seria como leito de cama profundamente perscrutado em largo sono de sonhos leves... tão leves como a própria leveza do seu correr! Ah se Torga soubesse o quanto o leu e, por ter lido, o quanto sonhou esses sonhos atrás e se achou para lá, nas terras de Miguel, avistado da galafura e escrito em poemas que perdurariam para a eternidade. mas não! tudo são sonhos! nada mais...
"There's no more life,
there's not"
"There's no more life,
there's not"
"There's no more rain,
there's not"
"There's no more breeze,
there's not..."
The sky is crying for Olimpia.
And so am I.
"There's no more crying,
there's not"
"There's no more fear,
there's not..."
What have I done?
What have I done?
"Take me there"
"To where you are"
"Take me there"
"Take me there"
"To where you are"
"Take me there."
A pouco e pouco tudo era luz... e no estímulo mais luz se fazia na minha ideia! A coisa corria bem e eu gostava! Arrotava e alguém ria... sentenciava e alguém pontuava a frase com um ponto de exclamação e, mais ainda, alguém exclamava na circunstância da reação! A confiança aumentava. As palmadas nas costas eram constantes e eu já nem as identificava.
Por fim tudo era luz... e na imensidão de clareza havia uma que faltava... a minha! Era a luz dos outros que me cegava e iluminava o meu espaço e me provocava esse autismo que nos prepotentes se aconchega.
No fim lá estava a luz... tudo continuava iluminado mas o foco não era eu! Eram os que me circundavam que tinham ganhado luz própria e a que me inundava mais não era do que a difusa que se lhes sobra.
E eu continuava àquela luz... no meio do caminho... preocupado em agradar sem ver a quem e, de repente, não agradava ninguém!
Fiquei por lá, à luz, perdido no imenso clarão... Um completo ser, riquíssimo na minha forma de ver, mas anónimo, na multidão!
dizes que o poeta
pela sua escrita
é um sofredor
outros que o poeta,
sentença maldita
é um fingidor.
em que ficamos então,
se esta comandita
tem discurso agressor?
Achas que o profeta
pela sua dita
é um inventor?
e o atleta
pela sua fita
um enganador?
será na circunstância
por erro de abundância
um individuo abusador!
Mas não o poeta
que não é profeta
nem o artista.
já o absolutista
por inerência
e incongruência
pode ser condenado,
morte ao culpado
por enganar o povo
sem trazer nada de novo
na melhor ocasião.
mas nunca o Poeta
que vive da escrita
não pelo lucro da dita
mas porque é ela o seu pão!
Comprei um barquinho para me levar
o casco quebrou
e já não me levou
e não encontrei com que remediar.
Pedi a uma gaivota que me mostrasse mar
mas ela exigia
uma certa quantia
coisa que eu não podia pagar.
Tentei encontrar outra solução
e lancei-me a nado
desde a foz do Sado
a corrente me arrastou de volta ao pontão.
Marquei a passagem de avião ao Brasil
mas as nuvens do céu
escuras como breu
taparam a vista de forma nada subtil,
e eu dei por mim a distâncias mil...
Para regressar fui pedinte na praça
arranjei camisa
furada da traça
e calça de ganga lisa
presa por uma baraça
abdiquei de comer
mas não sem beber
mas a saudade não deixa esquecer.
Num velho navio arranjei trabalho
numa cozinha a tresandar a alho
dois meses no mar
como um bandalho
barba crescida
ambição reprimida.
Chegado à terra
olhei o oceano
pois tinha pavor a este povo ufano
lá para o Restelo
cruzei-me com um velho
nada camelo
a coçar o guedelho
Contei-lhe esta minha ambição
e o raio do velho chamou-me cabrão
- Cabrão o quê? - retorqui eu...
- Então não tiveste o mar todo na mão
vindo de barco até à nação?
Ah velho vadio
personagem sombrio
que me vens tu ensinar?
tu que paraste em frente ao rio
nada percebes do mar!!!
Caí... e no momento seguinte me levantei ergui a cabeça olhei em redor com pressa e logo logo recomecei Caí... e assim que caí em nada mais pensei senão na vergonha que iria sentir. ergui a cabeça olhei em redor com pressa não fosse alguém por ali notar que a minha vaidade se estava a partir Caí... e nesse momento no exato em que me precipitei ao chão duro como pedra era pedra sem que tivesse tempo de amparar com a mão pensei no agora em como estaria a mentir a dizer que logo havia de me erguer olhar em redor com pressa e o medo que alguém estivesse a ver Caí... e toda a gente viu e da minha triste figura pisado borrado toda a gente riu, e eu zangado amuado sisudo beiçudo fugi... e fui chorar para longe dali!
Arre diabo que me carregas a vida com trabalhos,
e enches o meu espaço com cheiro a mofo e alhos;
Arre gatuno que me prendes a esta terra sem horizonte,
onde o que se vê da janela é só roça e algum monte;
Arre bicho que me negas a viver lá na cidade,
e me afastas sequer o pecar pela vaidade;
Oh negro, oh verme de cornos na ciência,
que me seguras aqui, preso na demência;
Arre Cão
que de sarna não morre
Verme de chão
que sem pernas não corre
Arre Tu, ó Belzebu
que me tolhes a esperança
desde criança...
Vai mas é levar no cu!
“Be brave. Even if you’re not, pretend to be. No one can tell the difference. Don’t allow the phone to interrupt important moments. It’s there for your convenience, not the callers. Don’t be afraid to go out on a limb. That’s where the fruit is. Don’t burn bridges. You’ll be surprised how many times you have to cross the same river. Don’t forget, a person’s greatest emotional need is to feel appreciated. Don’t major in minor things. Don’t say you don’t have enough time. You have exactly the same number of hours per day that were given to Pasteur, Michaelangelo, Mother Teresa, Helen Keller, Leonardo Da Vinci, Thomas Jefferson, and Albert Einstein. Don’t spread yourself too thin. Learn to say no politely and quickly. Don’t use time or words carelessly. Neither can be retrieved. Don’t waste time grieving over past mistakes Learn from them and move on. Every person needs to have their moment in the sun, when they raise their arms in victory, knowing that on this day, at his hour, they were at their very best. Get your priorities straight. No one ever said on his death bed, ‘Gee, if I’d only spent more time at the office’. Give people a second chance, but not a third. Judge your success by the degree that you’re enjoying peace, health and love. Learn to listen. Opportunity sometimes knocks very softly. Leave everything a little better than you found it. Live your life as an exclamation, not an explanation. Loosen up. Relax. Except for rare life and death matters, nothing is as important as it first seems. Never cut what can be untied. Never overestimate your power to change others. Never underestimate your power to change yourself. Remember that overnight success usually takes about fifteen years. Remember that winners do what losers don’t want to do. Seek opportunity, not security. A boat in harbor is safe, but in time its bottom will rot out. Spend less time worrying who’s right, more time deciding what’s right. Stop blaming others. Take responsibility for every area of your life. Success is getting what you want. Happiness is liking what you get. The importance of winning is not what we get from it, but what we become because of it. When facing a difficult task, act as though it’s impossible to fail.”
Devíamos, neste alvorar do século XXI, passar uma boa parte do dia a falar de amor, paixão, gastronomia e vinho, arte, música e literatura, desejo e euforia, onde se dança, uma nova tasca imperdível, devíamos contar as gargalhadas e sorrisos, pensar em como garantir todos os jantares com os amigos, todos os abraços aos filhos.
Temos pouco tempo para viver, é preciso dizê-lo. E corremos o risco, se não for agora que tomamos a vida nas mãos, de ficarmos num estado animal, acossados, limitados à ansiedade com a sobrevivência – esse é o significado desta regressão social.
Em vias de incrementar o esforço por voltar à escrita... Na verdade, gostava de terminar este projeto! Fica aqui um cheirinho!!!
(...)
João, filho de lavradores, gostava
de Aida…
João era um rapaz crescido e, por
toda a sua vivência, havia já experimentado gostar de muitas raparigas. Porém,
desde há uns tempos que achava diferente o sentimento que dedicava àquela
pequena que, ainda há pouco, deixara de ser criança.
Não havia dia que passasse sem que
João se convencesse a si mesmo de que aquele não era um gostar qualquer, era
especial… Era um gostar que lhe apertava a garganta a cada vez que a via no
quintal ao passar para as várzeas… Era um gostar que fazia com que sentisse
ciúme de todos aqueles marmanjos que rondavam a azenha da várzea em adulação
aos atributos físicos da pequena… Era um gostar que o levava a adorar a beleza
angelical inerente à idade da pequena e não tanto a opulência do seu peito… Era
um gostar que o fazia ter mais gosto no
cultivo das várzeas do que das Searas, esquisito num agricultor exemplar…
Era um gostar… um gostar especial
que João tinha a certeza ser o único homem, no mundo, a sentir… Era um gostar
que doía, e doía cada vez mais por pensar que a garota nem o olhava, ainda que,
a cada vez que passava, se empenhasse num cumprimento de voz trémula a que ela
respondia seca e aparentemente sem interesse.
João era filho único e os pais,
lavradores desenrascados, sonhavam grande futuro para o rapaz. Talvez por isso
o tenham mandado para o Seminário Conciliar de S. Pedro e S. Paulo, em Braga,
de influência Jesuíta que lhe viria a proporcionar uma riqueza cultural
invejável mas que João, incompreensivelmente, apenas revelava nas noites de
embriaguês coletiva da taberna do adro. Porém, para grande pesar de seus pais,
João fora apanhado no flagrante dado a uma investida organizada pela maior
parte dos seminaristas a uma casa boémia em Dume, execrável maldição para a
terra de Martinho da Panóia, esse santo bispo vindo da Hungria para doutrinar o
povo minhoto, que a Igreja decretou santo e cujo epitáfio sepulcral
autorredigido costumava ser perversamente adulterado em cânticos de bebedeira
pelos seminaristas que acorriam à casa boémia de dume. Muitos contaram também,
ainda que o autor nunca tal tenha visto e como tal não possa garantir, que havia
sido desenvolvida pelos alunos do seminário maior uma versão de “Pro
Repellenda Iactantia”1, essa obra primeira do santo da
Panóia que defendia a supressão da bazófia fundada por leis de moral, versão
essa que, adquirindo título de encadernação à socapa, gozava honras de
catecismo junto dos alunos do seminário menor, o da Nossa Senhora da Conceição.
Assim, João, que estes caminhos e
os outros conhecia de cor, viria a ser apanhado na hora da rusga encomendada,
não a beber o vinho tinto em taças transbordantes como todos os outros, nem a
cantarolar ofensas à cobarde fuga dos bispos bracarenses para Lugo durante a
invasão muçulmana, em versos de rima duvidosa que alguns dominavam. Como
sempre, era a petulante Joana que o chamava à casa de Dume, que tinha o
descaramento de usar um majestoso crucifixo sobre a oponência do peito
generosamente descoberto. Nessa noite de suposta ida ao cinema, João seria apanhado
de surpresa sobre o suculento corpo da Joana enquanto esta se empenhava em
veemências de queixume acerca da generosidade do rapaz no que a tamanho se
refere. Este íntimo pormenor de ocasião havia de passar entre os guardas,
ganhando legitimamente o epíteto de boca de caserna até, por particularidades
de relacionamentos familiares ou camaradagem entre os membros de ambos os
lados, chegar aos corredores do dormitório do seminário Conciliar e
entranhar-se em João, complementando-lhe para toda a vida o nome próprio com
que havia sido batizado em S. Julião.
Deixemo-nos de bisbilhotices –
que curiosidade do leitor aguça o vício do autor – e passemos à narração da sucessão
de acontecimentos a partir daqui. Curiosamente – ou talvez não, pelo cedo que
era – João sería o único a ser apanhado com a boca na botija, estranha metáfora
que, nem eufémica ou disfémica, levará o leitor a sentenciar a ligeireza do autor por óbvia
constatação de que talvez todos, à exceção de João, estariam, àquela hora, a
usar a boca, veículo único conhecido para receber o tal néctar dos deuses ou
sangue do diabo, conforme o variar da perspectiva, e o coitado do rapaz, por lhe
ter faltado a paciência ou ter-se rendido à líbido juvenil, estaria já
empenhando outra ferramenta que não a cavidade bucal.
Ponhamos a perversidade de parte
para explicar que, perante a particularidade da contagem e atribuição de culpa
ou pecado, fácil terá sido por se tratar de um único rapaz, para a reitoria do
seminário, aplicar exemplar castigo e aviso aos demais. Chamados os pais a
Braga, sequiosos de pranto estes bispos, não foram sequer capazes de esconder
ao humilde casal o verdadeiro motivo do castigo. Valeu ao rapaz ter um pai
compreensivo e pouco amante desta gente que teima em vestir saias e dar a mão a
beijar. O Velhote apenas queria ver o rapaz formado, não o queria ver padre.
Não deixou de passar ao filho o solene raspanete mas acordou com a esposa que o
assunto morreria ali e jamais a aldeia haveria de descobrir que não foi a
consciência do rapaz a ditar que não serviria condignamente os preceitos da
santidade e inerente desistência do estudo. Já não se sabe é como a
“nobiliária” alcunha chegou chegou à terra, a verdade é que João grande seria
para sempre, em S.Julião como em Braga, ainda que na primeira se desconhecesse
o real motivo e ignorantemente se
presumisse inerente à estatura do moço.
E foi assim
que João Grande passou ao lado de uma vida diferente. Espiritual e
espirituosamente rico, o rapaz agora homem optou por se dedicar a alegremente
sorver a pacatez da aldeia e a desenvolver a cultura das terras dos pais com
sagacidade mas sem inovação.
E assim, pacato era também o amor
que dedicava à pequena de seios fartos que crescia por entre os paúis junto ao
rio. Não raras vezes a viu refrescar-se nas frias águas que rodeavam a azenha,
isenta de pudores por se julgar só, e dava por si a recriminar a imaginação que
lhe sugeria parecenças com Joana, a moça libertina da casa de Dume. Não, Aida
era pura, era jovem, seria certamente virgem e carinhosa por inerência da
idade. Aida era linda, mas não era sua.
Ave negra,
que não te calas...
Ave rara,
de nenhumas falas...
Ave fraca,
mas tagarela...
Ave forte sem dar por ela
Melro gordo,
lá do quintal...
Pequeno pisco,
do choupal...
Um do outro a sorte invejam,
Sabem lá o que pedem
quanto almejam!
Moço sujo
e calejado
lá do campo
transpirado...
Rapaz fino
bem vestido
desinibido
e ainda menino
o primeiro que deseja
a vida do outro
salvo seja!!!
...e o segundo
que desdenha
a rudez de quem a tenha
pequeno parvo
que não vê
que o que tem à sua mercê
jamais superará
a saúde daquele
o que não lê.
Há uns anos, não muitos, vi este filme de Manoel de Oliveira na RTP2 e fiquei sempre com ganas de percorrer esta estrada (o Minho tem este estranho efeito em mim). Viagem ao início do mundo retrata o regresso a trabalho de um realizador Francês, filho de emigrantes Portugueses, à sua terra natal cuja delimitação se vai apresentando de Valença a Melgaço ou Monção. A determinada altura, o elenco passa por uma zona em que o protagonista recordava uma estatueta numa casa à beira da estrada cujo nome, não sei porquê, se me ficou como "Zé do Pau". Pois não era... Era Pedro Macau e hoje descobri tudo.
Fica a promessa de por lá passar, quem sabe não já mas um dia mais tarde com a Valentina pelo seu pé!
Por vezes, cá por casa, voltam a ouvir-se os sons que nos fazem sentir bem...
Te echo de menos, le digo al aire te busco, te pienso, te siento y siento que como tú no habrá nadie y aquí te espero, con mi cajita de la vida cansada, a oscuras, con miedo y este frío, nadie me lo quita.
Tengo razones, para buscarte tengo necesidad de verte, de oírte, de hablarte. Tengo razones, para esperarte porque no creo que haya en el mundo nadie más a quien ame. Tengo razones, razones de sobra para pedirle al viento que vuelvas aunque sea como una sombra. Tengo razones, para no quererte olvidar porque el trocito de felicidad fuiste tú quien me lo dio a probar.
El aire huele a ti. Mi casa se cae porque no estás aquí. Mis sábanas, mi pelo, mi ropa te buscan a ti. Mis pies son como de cartón que voy arrastrando por cada rincón. Mi cama se hace fría y gigante y en ella me pierdo yo. Mi casa se vuelve a caer, mis flores se mueren de pena, mis lagrimas son charquitos que caen a mis pies. Te mando besos de agua que hagan un hueco en tu calma, te mando besos de agua pa' que bañen tu cuerpo y tu alma. Te mando besos de agua para que curen tus heridas, te mando besos de agua de esos con los que tanto te reías.