terça-feira, 30 de agosto de 2011

arre tristeza




arre tristeza
que esta vida não te toca
olha só tanta beleza
onde apenas o pecado
e a bruteza
provocam amargos de boca.
arre tristeza
cuja envolvência odeio
pois me tolhes a ventura
e o sorriso
sem ternura
se evidencia de tão feio
arre tristeza
que te hei-de fulminar...
o sorriso vencerá
e a alegria,
um dia,
decerto virá
na ânsia de me afortunar
será chegada a minha vez
serei leve e voarei
sem lastro,
sem lei,
desfrutarei do amor
na máxima intensidade
o amor de verdade
e de ti, ó tristeza
lembrar-me-ei com franqueza
mas jamais sentirei saudade!!!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

beijo de lábios trémulos











Num beijo de lábios trémulos se perdem inocências
Num beijo de lábios trémulos de desperta a vontade
Num beijo de lábios trémulos viajam adolescências
Num beijo de lábios trémulos se inicia a felicidade.


Por um beijo de lábios trémulos se substitui o "era uma vez"
Por um beijo de lábios trémulos palpitam corações
Por um beijo de lábios trémulos cai a espada e o arnês
Por um beijo de lábios trémulos começam todas as paixões.


Um beijo de lábios trémulos é a chave do romance
em todos se adivinhando a boca em abdução
cada qual o seu feitio, cada qual sua nuance
Um beijos de lábios firmes é mentira do coração!


José Eduardo
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terça-feira, 9 de agosto de 2011

o início ao fim




À hora do entardecer imitamos a dança dos astros. eu sou o sol e tu não és a lua, és o mar, e os nossos lábios são a espuma das ondas que vão e vêm, em subtis contactos e olhares de sedução. fitamos o horizonte e deixamos cair a consideração sobre o apaixonado aninhar do enorme e quente sol sobre a águas gélidas deste mar de outono. é nesta altura que gostamos de cá estar, abandonados ao silêncio e reencontrados em pensamento comum. imitamos a vida que olhamos, mais uma vez, como todos os dias, mas aqui de forma romântica e em langores de prazer. sugeridos pela imagem tocamo-nos também, já o calor da imagem incentivara à escassez de agasalho mas agora, impelidos pelo entusiasmo do contacto, a vontade corre loucamente na direção da total ausência de barreiras à paixão da carne. o pôr de sol é lento, e lenta é a nossa paixão. o tegumentário contacto impeliria rumo à aceleração dos movimentos, à ofegância do respirar e do amar, mas... nós não somos assim. passeamo-nos pelo estádio de maturidade em que o domínio dos delírios é opção credível e, prazerosamente, preferimos deixá-los escapar a gosto e com gosto. é então que admiramos a belíssima gradação crepuscular, lembramos a canção e olhamos de novo ao longe, lá onde o tórrido disco solar se envolve completamente num mar que parece esperá-lo, fecundo e feliz, ansioso pela invasão do companheiro e amante. alguém nos observasse agora e ficaria assim, com o pensamento no nosso, apreciando a cópia que habilmente desenhamos com nossos corpos e como, suave e apaixonadamente, nos fundimos também num só, e os umbigos se colam beijando-se também, até ao abandono da acção de índole pacífica e o começo do delicioso frenesiar de estado. Amámo-nos assim, obstinadamente loucos e sensatos em simultaneidade de caracterização de um único amor, uma única ação, uma só vida, somos um só, fundidos em êxtase que resultará em explosão de sensações, extremar de emoções... Apaixonados, eternos namorados!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

fundamentum



Não ouse dizer que viu
quem a fealdade não sentiu,
não afirme ter gostado
aquele que não tenha arrotado,
mesmo quem se ache vivido
não o será até ter morrido,
não queira, porventura, ludibriar alguém
aquele que não tenha sido enganado também.


Não vá patrocinar a paz
o homem que não sabe a guerra,
não será o aldeão capaz
de melhor defender a terra.


Jamais seja abençoado
aquele que nunca se sentiu ateu...


Não ouse dizer ter amado
quem nunca por amor sofreu!


José Eduardo
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