terça-feira, 24 de março de 2009

Alma solitária

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(...)Ah, mas eu não tenho essa consistência e perseverança dos descobridores! Eu sou leviano e ligeiro, sou mais dado às sensações do que às realiza­ções, mais depressa me sirvo a mim do que à Pátria. Gra­ças a Deus, não nasci em 1500: nasci tarde de mais para o desconhecido, cedo demais para a lucidez. Não sei que procuro, mas sei do que fujo. Não sei o que encontro, mas sei que vou, que flutuo - como este grande balão, devagar e em frente, suspenso sobre tudo o que são as certezas, a terra firme onde os outros são felizes e realizados e eu não(...)
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Miguel Sousa Tavares
in: Rio das Flores, Ed. Oficina do Livro, Lisboa, Outubro 2007

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