segunda-feira, 14 de maio de 2012

tumultus

 


conta-me...
diz-me tudo o que perdi
porque ao longo da eternidade
esqueci de viver
e esqueci de ti.
toca-me
obriga-me a acordar
empurra-me até à colisão
de encontro à realidade
faz-me tempestear...
ama-me
mas não permitas o entorpecer
eleva-me o ânimo
sê o néctar, o éter
que anseio e devo beber...
anda
leva-me lá,
faz-de mim aquele que dá prazer
e depois larga-me
vem de novo para cá
e quando eu cá estiver
dormente
cansado
coloca-te de novo a meu lado
e obriga-me a erguer.
porque eu sou assim
parvo sem fim
autónomo jamais
sofrente
eternos "ais"...
ser desinteressante
asqueroso incessante...
eu sou:
sou tolo
desconexo
interesseiro
convexo
assim, sem reflexo
e preciso de ti
hoje
amanhã
aqui
do lado de cá
para que não deixes que caia
e não revele tudo aquilo de que são feitos
os que são da minha laia...
.
José Eduardo