sábado, 12 de setembro de 2009

Guardando coisa nenhuma

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Já todos nós assistimos em algum momento a um qualquer filme despretencioso de piratas e marinheiros, de justiceiros e ladrões, de índios e cowboys ou quaisquer outros intervenientes que se opõem cronicamente ao longo da história. Em todos esses filmes (alguns não, vá) há sempre um objecto de disputa... Uma donzela, o poder universal, um pedaço de terra, um tesouro!!! Em muitos deles, porque não se reproduziu uma amostra prévia, o valor desse alvo disputado acaba por ser efémero, ou seja, apenas durou enquanto fomentou a disputa e esgotava-se nela mesma, na disputa que suscitava para que depois (por vezes, repito) não se apresentasse de utilidade alguma...

Ora, mas isto era nos filmes, ou desenhos animados... Na sequela de Balas e bolinhos, lembram-se? O tesouro era um bacalhau!!! Pois, mas era aí... e aí somos tão permissivos e condescendentes quanto a magnitude do ócio que nos predispôs a empenhar um tempinho naquela banalidade e no fim, com um brilhozinho nos olhos e sorriso disfarçado nos lábios damos por nós a pensar - "Como é bom ser um pouco pateta" (não confundir com pâteta como diz o Sócrates, isso é outra coisa)...

Pois bem, no quotidiano também nos vamos deparando com pessoas assim... Gente tão vazia que se falassem sairía ressonância do seu interior... Gente que passa um dia inteiro sem esboçar um sorriso pois isso poderia indicar falta de seriedade... Gente incapaz de cantarolar ou assobiar uma canção por medo de ser achada emotiva e, consequentemente parva... Gente que pura e simplesmente não fala porque assim vai mantendo a aparência sábia e sóbria... Enfim, gente que não se diverte mas que, de aparência, se apresenta como um baú cheio de sabedoria e informação... Maioritariamente, essa gente (salvo raríssimas excepções) é um baú sem uma única moeda de oiro... É o flop, a desilusão, o balde de água fria, a mão cheia de nada, a ilegítima vaidade que grassa na sociedade deste meu paupérrimo país...
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1 comentário:

Tânia Marques disse...

Olá! Gostei muito do teu texto. Realmente mostra o quanto as pessoas hoje são 'ocas', tornaram-se vazias de conteúdo. Na verdade, elas compram, consomem todo o tipo de produto para preencherem seu vazio existencial.Abraços.