No fim do verão as crianças voltam, correm no molhe, correm no vento. Tive medo que não voltassem. Porque as crianças às vezes não regressam. Não se sabe porquê mas também elas morrem.
Elas, frutos solares: laranjas, romãs, dióspiros. Sumarentas no outono.
A que vive dentro de mim também voltou; continua a correr nos meus dias.
Sinto os seus olhos rirem; Seus olhos pequenos brilhar como pregos cromados.
Sinto os seus dedos cantar como a chuva.
A criança voltou. Corre no vento.
...Eugénio de Andrade...
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