quarta-feira, 11 de maio de 2011

muito menos do que isso


Não, não vem... 
não vem daí a inspiração
não vem da solidão
não vem do amor
não vem não...
Não vem da dor
nem da alegria,
não vem da noite
nem do dia...
vem de mim
de ti
dos outros
do que viste
do que vi,
da verdade
da mentira,
da satisfação de quem dá
e da de quem tira,
vem do lado de cá...
Não vem da ilusão,
vem da vida,
da bela, nunca adormecida...
Qual João, qual pé de feijão?
Qual Romeu, qual Julieta?
a minha inspiração
vem da bengala
vem da muleta...
Vem da simplicidade
da maldade
e mais,
vê lá, até da bondade.
Vem do cru
do nu
do despido
e do ferido.
do são e do insano
da crença e do profano...
por isso
não romantizes,
não queiras pintar um quadro que não existe,
aquilo que sempre desejaste ver
e não o que verdadeiramente viste...

José Eduardo

1 comentário:

@ Ruiva disse...

Como sempre me faltam palavras pra falar de toda essa inspiração. Magnífico, esplêndido... Isto aqui com certeza eu vou roubar pra mim! Xerinho cheio de mimo.