segunda-feira, 25 de abril de 2016

25 de Abril, sempre?

nos dias de ontem
era tudo cinzento
e a palavra estava caída
como uma folha sem vida
num dia sem vento

nos dias de ontem
a coragem não vinha
e a boca fechava
e o olhar retornava
em direção à bainha

nos dias de ontem
não morava a esperança
ninguém decidia
e jamais ousaria
iniciar a dança

até que se fez hoje
e um grupo seleto
tocou a reunir
e ousou decidir
debaixo de um teto

e nos dias de hoje
porque alguém assim quis
o povo à rua saiu
levantou a cabeça e sorriu
e chegou-se a mostarda ao nariz

nos dias de hoje
liberto da opressão
o povo dançou
celebrou, gritou
o povo passou a dizer não

até que ainda mais hoje
porque o povo ficou cansado
o dono cá disto tudo
eterno senhor barrigudo
apoderou-se de novo do estado

e agora que é ainda mais hoje
a sociedade, em abdução
já não gosta de estar alerta
senão do vizinho à espreita
o povo... deixou de dizer NÃO!

José Eduardo


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